Capítulo 5
- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA - gargalhava enquanto batia palmas o menino Salinho, de apenas 15 anos. - Muito bom, muito bom... Controlar este jogo é muito mais divertido do que pensei. - dizia em seu QG, monitorando Felipe Fabricio por uma câmera. Haviam várias instaladas por toda a ilha, para que pudesse entreter-se durante esses três dias. Mexeu novamente nos códigos das tornozeleiras, normalizando a que estava presa no curitibano.
FF havia fechado os olhos com força, ficou tão assustado que teve a impressão de que a sua tornozeleira é que tinha explodido. Tinha tampado os ouvidos, também... Abriu os olhos, ofegante. Suava muito, passou a mão sobre a testa oleosa e olhou em volta sem entender nada. Levantou-se tremendo, com todo o cuidado para não esbarrar o instrumento preso em sua perna direita em lugar nenhum. Ao retornar para onde estava antes... Deparou-se com uma mancha de sangue acima da pedra, e também uma tela de laptop quebrada no chão. Respirou fundo e se deu um beliscão, para ter certeza de que aquilo era real. Não sabia se sorria por estar vivo ou se chorava pelo amigo ter morrido. Olhou para seu tornozelo, vendo que ela ainda estava ali... Preferiu não mexer mais, para não passar tal susto novamente. Precisava encontrar outro lugar e se esconder, rápido... Não sabia se conseguiria encontrar outro aliado.
Seguiu caminhando cautelosamente, o que mais temia era encontrar um louco que estivesse disposto a lhe matar a qualquer custo. Levou um susto ao sentir seu pé ser puxado para cima e viu seu mundo ser virado de cabeça para baixo, literalmente. Olhou em volta, assustado e com a respiração acelerada.
- Te peguei, pru. - disse Vits, pulando de cima de uma árvore próxima e encarando Felipe, que estava com os olhos arregalados. - Qual arma recebeu, pru? - mirou a pedra com um estilingue em direção ao rosto dele, ameaçando-o.
- U-Uma chave de fenda. - já estava quase desmaiando com aquele sangue subindo todo para sua cabeça. Vits olhou para o chão e estreitou os olhos, atestando que ele havia dito a verdade. Apontou-a para o rosto de FF, a pressionando contra sua testa. Ele gemeu de dor, sentindo um ferimento se formar.
- Você é engenheiro, não é? Pru. - assentiu, fechando os olhos com força. O aspirante a pomba tratou de desamarrar seus pés, o que fez com que caísse com tudo no chão. Felipe encolheu-se e pôs as duas mãos sobre a cabeça, sentindo dor. - Encontrei algo que pode nos ajudar a escapar, pru. E você vai me ajudar.
Pôde ser escutado um alarme em toda a ilha, todos pararam o que estavam fazendo para ouvir o que viria a seguir.
- Bom dia, companheiros do Nintendo Blast. - disse Salinho. - Estou passando para avisar que alguns bichinhos meus se juntarão à brincadeira de vocês... Eles estão com fome e não tomaram a vacina da raiva. Divirtam-se. - a transmissão foi cortada.
Matheus deixou escapar um "pff". Jogou o pacote de balas Fini vazio para lá, e abriu um sorriso largo. - "Bichinhos, é? O encantador de feras vai domar todos eles." - pensou, e seus olhos ficaram vermelhos. Era esta sua forma final. - Vamos correr. - deu dois tapinhas na cabeça da onça na qual montava, e ela o obedeceu. Bastaram alguns minutos correndo para que avistassem um urso... Mas mesmo com todo o conhecimento da natureza que tinha, nunca havia visto nada igual. Ele era preto e enorme, estremeceu ao vê-lo levantar-se, ficando sobre duas patas.
Suspirou fundo e tomou coragem, indo para cima do animal de tamanho avantajado. Conforme foi se aproximando, a onça pintada começou a tremer, com os olhos arregalados. Deu novamente os dois tapinhas, ouvindo um rugido como resposta. Foi arremessado por ela no chão, que correu para longe ao ver o urso á sua frente abrindo a boca. Matheus gelou na mesma hora, segurando seu facão com força. Chegou a conseguir acertar seu alvo com ele, mas seu ombro esquerdo foi mordido com tamanha força...
Restam 11 participantes.
Após ouvir o comunicado de Salinho, Tonho escalou uma árvore quase que instantaneamente. E nada o tiraria dali, não queria virar lanchinho. Havia pensado de uma forma lógica... Poderia ficar ali, esperando que todos fossem mortos pelos animais, não? E aí... Venceria o jogo, não é? Pensava, encolhido ali e tremendo. Odiava tudo aquilo, toda aquela situação, mas não queria morrer. Doeria perder todos, mas... Perder não era uma opção. Segurava a vassoura que havia recebido como se sua vida dependesse disso, o pote de Nutella estava logo à frente, vazio... Prendeu a respiração quando esbarrou no mesmo sem querer, fazendo com que caísse lá embaixo... Pôde ouvir um latido grosso, o que fez com que desse um pulo de susto. Atreveu-se a olhar para baixo, onde havia algo que parecia um lobo mexendo no potinho vazio. Era só... Não se mexer. Respirou fundo, fechando os olhos.
Ouviu barulhos, como se alguém estivesse subindo a árvore. No desespero, acabou deixando a vassoura cair na cabeça do lobo, que rosnou e começou a pular para tentar subir, o notando ali.
- T-Tonho, tem espaço pra mais um? - disse Zé, dando seu jeito de se equilibrar em um galho. O paulista suspirou aliviado, estava pensando que era outro bicho subindo... Chegou um pouco mais para o lado, deixando espaço para o capixaba instalar-se ali também. Com uma enxada nas costas, sentou-se ali e recostou-se na árvore, cansado. Estava suando, com a respiração acelerada. - Cara... Ele é louco, tem até leões por aí. Estava fugindo de um. - explicou. Tonho apenas estava em silêncio, sentia medo demais para dizer algo...
Sssss...
Zé franziu o cenho ao ouvir um barulho meio estranho, mas não ligou tanto. Fechou os olhos, tentando descansar e relaxar. Os abriu instantaneamente ao sentir uma dor em sua perna, gritando ao notar que havia uma cobra a mordendo. Doía... E como doía. Havia sido próximo à tornozeleira, bateu com a perna no tronco da árvore para tentar tirar o bicho dali, e...
Pi
Pi Pi
Pi Pi Pi...
Restam 9 participantes.
- ...Eu não aguento mais isso. - murmurou Mikael, cansado. Andava junto de Guilherme, estavam procurando comida. Estavam com medo de voltar para o lago onde estavam, no qual haviam peixes de sobra. - Eu era feliz e não sabia... Se pudesse só voltar pra Campinas, nem ia mais reclamar do Félix e... - Guilherme parou de andar.
- Quem é Félix? - perguntou, com uma das sobrancelhas arqueadas. O atibaiano estremeceu, não deveria ter dito isso.